sábado, 25 de julho de 2015

Cargas pesadas

o português se desfez na tua boca.
não consigo identificar o significado
das tuas ironias.

que apaixonante, este mistério.
mais ainda perturbador esta ideia.

por que temos que ter pares?
uma dificuldade, uma pertubação
não é o suficiente? claro que não.
o humano tem que complicar.
um não, dois.

fazer o que.
é a nossa carga.
LISSA MARRY

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Geada

Um dia frio, diz tudo.
O nosso humor, nossa felicidade e a esperança de um dia ensolarado.

Mas, e se alguns não quiserem o sol? E, se aqueles do canto preferirem os ventos fortes, a chuva arrebatadora que leva embora o guarda-chuva e os agasalhos?

Um bom chocolate quente é melhor do que uma cerveja gelada;
um museu, melhor que a praia.

Pensamentos diferentes. Escolhas desiguais. O que será que nos uniu?
Acho que foi interessante ver o seu calor se derreter perante minha frieza.

Você se sentiu abismado. E curioso. 
Que pena. Apenas irás te decepcionar.

LISSA MARRY

segunda-feira, 20 de julho de 2015

de Max para Liesel

Toda a minha vida, tive medo de homens velando sobre mim.
Suponho que o primeiro homem a velar por mim tenha sido meu pai, mas ele sumiu antes que eu pudesse recordá-lo. 
Por alguma razão, quando eu era menino, gostava de brigar. Grande parte das vezes eu perdia. Outro menino, às vezes com sangue pingando do nariz, erguia-se acima de mim.
Muitos anos depois, precisei me esconder. Procurava não dormir, porque tinha medo de quem estaria lá quando eu acordasse. Mas tive sorte. Era sempre meu amigo.
Quando estava escondido, eu sonhava com um certo homem. O mais difícil foi quando viajei para ir ao encontro dele.
Por pura sorte e depois de muitas passadas, consegui. 
Fiquei dormindo lá por muito tempo. Três dias, disseram-me... E o que encontrei ao acordar? Não um homem, mas uma outra pessoa a me vigiar.
Com o passar do tempo, a menina e eu descobrimos que tínhamos coisas em comum.
TREM
SONHOS
PUNHOS
Mas há uma coisa estranha.
A menina diz que eu pareço outra coisa.
Agora moro num porão. Os sonhos ruins ainda vivem no meu sono.
Uma noite, após meu pesadelo habitual, uma sombra ergueu-se sobre mim. Ela disse: 
- Conte-me o que você sonha.
E eu contei.
Em troca, ela me explicou de que eram feitos seus próprios sonhos. 
Agora, acho que somos amigos, essa menina e eu. Em seu aniversário, foi ela quem deu um presente - a mim. Isso me fez compreender que o melhor vigiador que eu conheci não é um homem...
A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS